quarta-feira, 25 de novembro de 2009

IV Seminário do PEJ

Bom, com um pouco de atraso, mas antes tarde do que nunca.
Aconteceu nesse mês de novembro, de 11 a 13, o IV Seminário do Programa de Estudos Judaico-helenísticos.
A professora convidada este ano foi ninguém menos do que Alison Salvesen da Universidade de Oxford. Ela deu duas conferências sobre o livro de Daniel:

A primeira: “'The end of days' or 'The end of God's right hand'? Apocalypse and redemption in early Jewish treatments of the book of Daniel”

A segunda: “King Darius and the Pool of Siloam: Syriac reception of the book of Daniel”
Para completar, o prof. Vicente Dobroruka deu um mini-curso sobre indução química, alucinógenos e preparação para visões na literatura apocalíptica
As mesas, como sempre, foram de altíssimo nível e o pessoal do PEJ, assim como o pessoal de fora, arrebentou.
Esse ano eu não pude participar; sabem como é, com nenêm recém nascido em casa...
Bom, aí vai o link do folder do evento para quem quiser saber mais:
Em breve, as comunicações devem estar on line.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Versões antigas da Bíblia

Depois de algum tempo sem postar nada estou de volta (ausência bem justificada, afinal, minha filha nasceu)
Há algumas semanas dei uma palestra sobre versões antigas da Bíblia; aproveito então o embalo para postar aqui algumas considerações sobre o assunto. Começaremos falando dos Targumim.
Targumin, plural de Targum, é o nome dado às versões aramaicas das Escrituras judaicas (o Antigo Testamento para nós cristãos). A partir da época do exílio na Babilônia (séc. IV a.C.), o aramaico começou a substituir o hebraico como língua falada pelos judeus. Tendo em vista tal situação, foi surgindo gradualmente a necessidade de se dispor das Escrituras judaicas em aramaico. Os primeiros Targumim eram versões orais e se tratavam mais de paráfrases do texto sagrado do que traduções propriamente ditas e eram utilizadas nas sinagogas. Com o passar do tempo, os Targumim, conservando o caráter de paráfrase, passaram a figurar também por escrito e a ser utilizados fora das sinagogas. A existência de Targumim na época de Jesus é bem atestada. Eu diria, inclusive, que, possivelmente, Jesus utilizava-se de Targumin quando citava as Escrituras, visto que, se o fizesse em hebraico, ninguém o entenderia, a não ser os sacerdotes, pois o hebraico já não era mais falado na sua época
Sabe-se hoje que existiram Targumim do Pentateuco, dos Profetas e dos Escritos. Há três versões principais dos Targumim, o Ônkelos (usado na Babilônia), o de Jônatas (Jerusalém) e o Yerûshalmî (Galiléia).

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Notícias da Université Laval

Passei o mês de julho e parte do mês de agosto em Québec, dando um gás, como se diz por aí, no meu doutorado. Conversei bastante com meu orientador, coloquei as referências bibliográficas em dia passando horas e horas entre as prateleiras da biblioteca... aliás, é bom citar, a biblioteca da Université Laval é uma das melhores do mundo nessa área.
Também tive a oportunidade de me atualizar a respeito das pesquisas de meus amigos e colegas; apesar do período de férias, consegui encontrar o Steve, o Eric e o Tuomas.
E foram só boas notícias.
O Eric está trabalhando duro na concordância dos Livros de Ieu; o Steve está nos momentos finais de redação de sua tese sobre a blasfêmia do arconte no texto conhecido como A Hipóstase dos Arcontes.
Mas o melhor mesmo foi saber que o Tuomas Rasimus, além de ter sido aprovado para o pós-doutorado, vai ter em breve sua tese de doutorado publicada pela editora E.J. Brill. O nome do livro será o mesmo da tese: Paradise reconsidered : a study of the Ophite myth and ritual and their relationship to Sethianism

terça-feira, 28 de julho de 2009

Galera da ULAVAL no Cairo


Uma foto para descontrair
Esse é o pessoal da Université Laval no Nordic Nag Hammadi and GnosticismNetwork, que aconteceu no Cairo, em 2007, tirando uma foto com o Prof. Thomassen e o Prof. Turner.

Da esquerda para direita: Julio Cesar Chaves, Einar Thomassen, Paivi Vahakangas, Michael Kaler, Steve Johnston, Tuomas Rasimus e John Turner.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Aviso

Bom, vejo-me obrigado a dar um aviso aqui.
Esses anúncios que aparecem aí em cima são do Google; eu não tenho absolutamente nada a ver com isso. É exatamente por isso que está escrito em baixo "anúncios Google". É bom deixar isso claro porque mais de 2 pessoas já vieram me perguntar se esses "livros cristãos gratuitos" que eu estava indicando no blog eram bons.
Eu não indiquei nada disso, está no anúncio do Google e eu não tenho nada a ver com essa história.
Vou entrar em contato com o Google para ver o que pode ser feito a respeito, se é possível tirar eeses anúncios.

Eusébio de Cesaréa

Eusébio de Cesaréa é um dos mais importantes autores da antiguidade cristã. Muitos estudiosos o definem como uma espécie de divisor de águas entre os períodos pré-niceno e niceno; se considerarmos sua formação teológica e o conteúdo de sua bora mais importante, ele faria parte do período pré-niceno; foi inclusive perseguido por Diocleciano em 303. Mas se levarmos em conta sua atividade eclesial e política, ele já estaria no período niceno, afinal, participou diretamente da controvérsia ariana e esteve muito perto do imperador Constantino, exatamente na época em que o cristianismo deixava de ser religião perseguida.
Sua obra mais importante e conhecida é a História Eclesiástica, composta em 10 livros. Nessa obra, Eusébio faz o verdadeiro papel de historiador, pesquisando o passado, juntanto fontes e relatos e escrevendo a história da Igreja anterior a ele. Apesar da ortodoxia duvidosa de Eusébio, sua obra é tida como uma boa fonte para o estudo do cristianismo pré-niceno, daí sua importancia para qualquer um que queira estudar o cristianismo primitivo antes de 325.
Muitas informações e trechos de autores antigos foram, inclusive, conservados somente por Eusébio; uma verdadeira pérola do cristianismo antigo.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Boa notícia

Transcrevo aqui o e-mail que recebi ontem do meu orientador, o Prof. Louis Painchaud
"Caros colegas brasileiros, Eu tenho o prazer de anuciar que as traduções em francês dos textos de Nag Hammadi publicadas na coleção "Bibliothèque copte de Nag Hammadi" estão diponíveis no seguinte endereço eletrônico: www.ftsr.ulaval.ca/bcnh. Cada tradução oferece indicações das páginas e linhas do manuscrito a qual pertence. Espero que tais traduções sejam úteis não apenas no mundo da francofonia, mas também em outras partes do mundo, pondendo inclusive ajudar os professores e estudantes no Brasil.
Peco-lhes ainda, a gentileza de transmitir tal notícia em seus respectivos meios.
Atenciosamente,
Louis Painchaud"

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O que é um apócrifo?

A palavra grega apócrifos é geralmente traduzida como “livro secreto”. Já na antiguidade tardia, os cristãos se apropiaram dessa palavra e começaram a usá-la com um outro significado designando assim, um conjunto específico de livros com características diversas (ver, por exemplo, a Carta festiva de 367 de Atanásio de Alexandria).
A simples definição “apócrifo é um livro que não faz parte do cânon” não condiz com a realidade, pois há milhares de textos que não compõem o cânon e que não são apócrifos; os escritos de Platão não fazem parte do cânon e não são apócrifos; os contos de Machado de Assis não fazem parte do cânon e não são apócrifos. Sim, eu sei que acabei de citar dois exemplos idiotas, mas isso é só para vocês terem idéia de como essa definição é incompleta.
Uma melhor delimitação da definição de “apócrifo” deve levar em conta, portanto, o elemento da antiguidade (um apócrifo deve necessariamente ter sido composto na antiguidade) e o pretenso caráter de texto religioso/sagrado do judaísmo e/ou cristianismo; e algumas vezes, a pretensão de Escritura por parte de quem compôs ou consumiu o texto. Enfatizo que, muitas vezes, tal caráter é atribuido não por quem escreveu ou compôs o texto, mas por quem consumiu.
Ainda esta semana, teremos mais sobre os apócrifos.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Artigo sobre a BCNH

Bom, como a aula dessa semana na FATEO é sobre o gnosticismo e a Biblioteca de Nag Hammadi, achei bom colocar aqui o link do artigo que eu escrevi para a Oracula para facilitar, não só para meus alunos, mas para os frequentadores do blog em geral.
Eis o link:
E para quem preferir, também é possível ler o artigo no site do PEJ:

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Evangelho de Filipe e o Código da Vinci

Bom, já que vários dos meus alunos se interessaram pela questão do beijo de Jesus em Maria Madalena descrito no Evangelho de Filipe e grotescamente utilizado pelo autor do Codigo da Vinci, achei que seria oportuno escrever algo aqui.
Mas aí, me lembrei que há alguns anos eu já tinha escrito algo sobre o assunto e que esse algo já estava on line no site do PEJ; então, seria mais simples colocar o link do texto aqui, mesmo por que o assunto é longo.
Eis o link:
Um agradecimento especial ao meu orientador, o Prof. Louis Painchaud, afinal, foi ele quem realizou esta pesquisa, eu só escrevi a versão em português.

domingo, 12 de abril de 2009

Organização episcopal

É interessante perceber que desde muito cedo a organização episcopal esteve presente na Igreja. Alguns dos mais antigos textos cristãos que chegaram até nós demonstram que muitas comunidades já possuiam episkopoi (bispo em grego) em seus comandos.
A Epístola de Clemente aos Coríntios, as Epístolas de Inácio de Antioquia e a Epístola de Policarpo, todas compostas antes de 115 nos fornecem tais evidências. Todos estes textos fazem parte da chamada literatura sub-apostólica, literatura esta que foi produzida na geração seguinte à apostólica; só os textos do Novo Testamento são mais antigos que a literatura sub-apostólica.

sexta-feira, 20 de março de 2009

O Evangelho de João: o mais "gnóstico" dos evangelhos canônicos?

Esses dias estava pesando exatamente nessa pergunta que dá título a esse post.
Um colega me fez uma pergunta no último seminário interno do PEJ citando que o Evangelho de João é tido como o o mais "gnóstico" dos evangelhos canônicos (as aspas se devem, entre outros fatores, ao fato de aquilo que chamamos de gnosticismo ainda não existir na época de composição do Evangelho de João). Sim, muitos já disseram isso, mas eu discordo. Refletindo, cheguei à conclusão que uma leitura e análise profunda do Evangelho de João não podem suportar tal teoria.
Mas por que? Bom, vamos lá.
Em seu clássico livro The Gnostic Religion, publicado em 1958 nos EUA, Hans Jonas define que o principal traço daquilo que se convencionou chamar de gnosticismo é a diferenciação entre o Deus Supremo e bom do criador do mundo material; ou seja, O criador do mundo material, também chamado de Demiurgo, não é o Deus supremo, o Pai de Jesus. Nas últimas décadas, muitos textos que não fazem, nem de longe, essa diferenciação, foram erroneamente rotulados de gnósticos.
Ora, qual é um dos principais traços distintivos do Evangelho de João? Uma das coisas que o tornam diferentes dos demais canônicos: ele é o único a afirmar claramente a divindade de Jesus (não que os outros evangelhos digam que Jesus não é Deus, mas se dizem que Ele o é, o fazem de maneira discreta, velada); é esse um dos principais objetivos do Evangelho de João: atestar a divindade do Cristo (exemplos: "Eu e o Pai somos um"; "E o Verbo era Deus...e o Verbo se fez carne" etc....).
Bom, o Evangelho de João diz claramente que Jesus é Deus e o prefácio desse próprio evangelho identifica a criação com o Verbo, dizendo que tudo foi criado por meio d'Ele; ora, se o Verbo participa da criação, não podemos considerar que o Evangelho de João acredite na existência de duas divindades, a suprema e a criadora do mundo material, mas numa só divindade, que é boa, eterna e também criadora do mundo e não tem absolutamente nada de gnóstico nisso; muito pelo contrário, é a antítese do gnosticismo; parece complicado, mas é bem simples.
Afirmar que o Evangelho de João é o mais "gnóstico" dos evangelhos canônicos, portanto, simplesmente não faz sentido.
Agora, que alguns elementos presentes no Evangelho de João possam ter influenciado na posterior elaboração daquilo que chamamos de "doutrinas gnósticas" é perfeitamente possível, mas isso já é uma outra história....

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Evangelhos Gnósticos III

Hoje falaremos dos textos que são chamados de "evangelhos gnósticos" mas que não possuem o título de "evangelho" nos manuscritos. Existem dois textos nessa situação: o chamado Evangelho dos Egípcios e o Evangelho da Verdade.
O verdadeiro título que aparece no manuscrito do chamado "evangelho dos egípcios" é "Livro Sagrado do Grande Espírito Invisível". O que houve foi o seguinte, os primeiros editores do texto fizeram uma confusão; há depois do título final do texto em questão, um colofon no qual se lê, dentre outras coisas, as palavras "evangelho dos egípcios" (para quem não sabe, colofon é uma espécie de comentário escrito pelo escriba ao final do texto, mas um comentário do próprio copista, um comentário que não faz parte do texto). Os editores se confundiram e acharam que o colofon era o título do texto, mas não era. Do ponto de vista literário, o Livro Sagrado do Grande Espírito Invisível não é, nem de longe, um evangelho.
O caso do Evangelho da Verdade é mais simples; ele não possui título no manuscrito, mas a primeira frase funciona como um incipit. Na antiguidade o uso de um incipit era muito comum; mas o que é um incipit: as primeiras palavras do texto; o texto era conhecido não por meio de um título formal escrito no início ou no fim do manuscrito, mas por meio de suas primeirras palavras ou frases; isso acontece até hoje com as cartas do Papa, por exemplo. O título do Apocalipse, por exemplo, veio de seu incipit, é fruto de sua primeira palavra. As primeiras palavras do Evangelho da Verdade são: "O evangelho da verdade é alegria...". Daí, seguindo a lógica do incipit, e levando em conta o fato de o manuscrito do texto em questão não apresentar título no , os estudiosos passaram a chamá-lo de "evangelho da verdade".
No que diz respeito ao gênero literário, o Evangelho da Verdade também não é um evangelho propriamente dito, mas uma exposição teológica da chamada doutrina valentiniana.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Evangelhos Gnósticos II: os diálogos de revelação

No post de hoje falaremos um pouco dos chamados diálogos de revelação.
Dois estudiosos em específico falaram dos chamados diálogos de revelação: K. Rudolph e P. Perkins; para ambos, os diálogos de revelãção seriam um gênero literário próprio do que se convencionou chamar de gnosticismo.
Mas então, o que seria um diálogo de revelação? Um diálogo de revelação estaria, do ponto de vista literário, próximo de um evangelho. Os diálogos de revelação colocam em cena Jesus e seus discípulos (às vezes vários deles, às vezes só alguns ou mesmo só um); tem lugar então um diálogo entre Jesus e o(s) discípulo(s) no qual o próprio Jesus faz diversas revelações, muitas vezes de cunho "gnóstico". A maioria dos diálogos de revelação situa-se cronologicamente no período pós-pascal, ou seja, depois da ressuirreição de Jesus.
Notem que num diáologo de revelação não há um quadro narrativo igual ao dos evangelhos; o quadro narrativo de um diálogo de revelação serve somente para colocar Jesus em cena com o(s) discípulo(s); não há preocupação em falar ou descrever a vida, milagres, Paixão e Ressurreição de Jesus.
Alguns dos textos que são chamados de "evangelhos gnósticos" deveriam, portanto, ser classificados não como evangelhos, mas como diálogos de revelação. É o caso, por exemplo, do Evangelho de Maria.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Evangelhos Gnósticos I

O primeiro tema abordado no mini-curso sobre os evangelhos gnósticos dizia respeito ao gênero literário evangélico; o que seria um evangelho? O simples título de "evangelho" transforma um determinado texto em um evangelho propiamente dito? Eu diria que não; se eu escrever agora uma crônica e der a ela o nome de romance, a tal crônica não vai deixar de ser crônica e se tornar um romance.
Portanto, o primeiro passo do nosso mini-curso foi propcurar definir e entender o que seria um evangelho. Eu procurei demosntrar para o público que um evangelho, seja ele canônico ou apócrifo, é um texto que relata episódios da vida de Cristo (com ênfase nos episódios da Paixão, morte e Ressurreição), seus ensinamentos, dizeres e milagres. Se considerarmos que um evangelho deve apresentar, portanto, as características mencionadas, boa parte dos pretensos "evangelhos gnósticos" não se encaixaria na definição de gênero literário; apesar de muitas vezes os ditos "evangelhos gnósticos" possuirem o título de "evangelho" (em alguns casos, o título não consta no manuscrito, mas foi dado pelos estudiosos modernos) eles não falam da vida de Cristo etc.; não seriam, portanto, evangelhos. Essa primeira informação já gerou muita polêmica e deixou alguns até decepcionados.
Enfim, no próximo post continuaremos falando do gênero literário evangélico.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Respostas

Algumas perguntas foram feitas por frequentadores do blog em postagens bem antigas, então eu demorei para percebê-las. Mas agora que as vi, posso tentar respondê-las.
Carlos Alberto,
eu diria que sim, que existe uma tradução on line confiável dos textos de Nag Hammadi (em inglês, francês ou alemão, é claro, em português, com certeza não). Eu não conheço, mas tenho quase certeza que existe. Vou procurar me informar melhor e se descobrir algo eu posto aqui te avisando.
Giane Grechi,
Eu sou historiador e um historiador bem conservador, o que quer dizer que faço meu trabalho a partir de fontes primárias; tiro informações das fontes. Se eu digo algo que não pode ser apoiado em uma fonte eu deixo de fazer historiografia e passo a fazer ficção ou a inventar (infelizmente, muitos que se dizem historiadores ou estudiosos trabalham assim).
Muitas vezes não se dispõe de fontes suficientes para se estudar um determinado assunto ou personagem da história; é o caso de Jesus. Dispomos de pouquíssimas fontes seguras a seu respeito. Há coisas e detalhes da vida de Jesus que não sabemos, assim como há coisas e detalhes da vida de outros personagens da história igualmente desconhecidos. Não sabemos tudo que gostariamos sobre a vida de Jesus do ponto de vista histórico, assim como não o sabemos tudo que goastariamos da vida de Júlio César, Maomé, Átila, etc. Isso não significa que podemos sair por aí inventando coisas; temos de nos contentar com o que temos e ir em busca de outras fontes seguras, se não as encontramos, paciência.
A discussão sobre o quais fontes para o estudo do Jesus histórico é extremamente complexa e já gastou muitas páginas de livros, artigos e teses; eu particularmente acho-a enfadonha e sem sentido. Meu raciocínio é muito simples: 1- eu tenho 4 evangelhos (os canônicos)certamente compostos no século 1 que começaram a ser utilizados por cristãos ainda no séc. I e que possuem centenas de atestações na literatura cristã a partir do início do séc. II e centenas de cópias; 2- uma série sem fim de evangelhos e outros textos apócrifos tardios, certamente compostos a partir da segunda metade do séc. II (ou seja, mais de 100 anos após a morte de Jesus) por autores desconhecidos conservados em cópias mais tardias ainda e em geral, em pouquíssimos manuscritos.
Eu prefiro usar como fontes o número 1; você pense como quiser. Infelizmente é o que temos para estudar Jesus. Como historiador eu gostaria de ter mais fontes, mas como cristão, acho que o que temos está de bom tamanho.
Só te peço um pouco mais de respeito (este pedido fica claro na descrição do blog); o Vaticano não tem nada a ver com isso e criticá-lo dessa maneira é um desrespeito aos católicos que frequentam esse blog (e a mim, inclusive). Te aconselho ainda a estudar um pouco mais de história da Igreja.
Se quiser continuar a frequentar o blog será bem vinda, mas por favor, com um pouco mais de respeito.
Em relação ao Ev. de Maria eu falo nos próximos posts, quando fizer um panorama do mini-curso sobre "evangelhos gnósticos".