segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Fim de ano

Nesse fim de ano, aproveito a oportunidade para desejar a todos os frequentadores do blog um feliz Natal e um próspero 2011.
2010 foi um ano muito bom. Espero que em 2011 eu consiga entregar minha tese.

Aproveito também para postar o link de um paper que escrevi há alguns anos e que aborda de certa forma o tema da segunda aula do mini-curso que dei no Seminário do PEJ de 2010(Jesus e Maria Madalena: do Evangelho de Filipe ao Código da Vinci):


E por fim, muito obrigado a todos que participaram do Seminário do PEJ de 2010.
Nos vemos em 2011!


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

V Seminário Internacional do Projeto de Estudos Judaico-Helenísticos - PEJ

Essa semana ocorrerá na Universidade de Brasília, entre os dias 24 e 26 de novembro, o V Seminário do PEJ. A convidada internacional esse ano é a Professora Zuleika Rodgers, do Trinity College em Dublin, Irlanda. A prof. Zuleika dará três conferências sobre Flávio Josefo:
1- "Tradition and Innovation: Flavius Josephus and the Judean Priesthood" (dia 24, 18h)
2- "Retrospective Rivalry? Josephus and Justus of Tiberias" (dia 25, 18h)
3- "Translating Theocracy: Flavius Josephus and Biblical Interpretation" (dia 26, 18h)

As conferências serão dadas em inglês, mas haverá tradução simultânea.

Além das conferências da Prof. Zuleika Rodgers, teremos as já tradicionais mesas com apresentações de comunicações, 2 conferências do Prof. Vicente Dodroruka, organizador do evento, e 2 mini-cursos. Um dos mini-cursos será ministrado por mim, e o tema é "Jesus e Maria Madalena: dos evangelhos gnósticos ao Código da Vinci", nos dias 24, 25 e 26, sempre às 14h.
O título mé chamativo e sensacionalista, mas o assunto é sério, hehe.
As incsrições para o evento como um todo, ou somente para os mini-cursos, podem ser feitas no Dep. de História, no ICC norte, campus Darcy Ribeiro, ou no Programa de Pós-graduação em História, no sub-solo do mesmo ICC norte. As incríções são gratuitas.
O evento ocorrerá no auditório do IH (Instituto de Humanas), no sub-solo do ICC norte.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Nova enquete

Coloquei uma nova enquete on line.
A idéia e escrever mais sobre os assuntos mais populares. Não vou deixar de escrever sobre os assuntos que receberem menos votos, mas vou procurar escrever mais sobre os assuntos que são preferência dos frequentadores do blog.
Quem sabe assim recebo mais comentários nos posts.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Jerônimo

Hoje, dia 30 de setembro, celebra-se a festa de São Jerônimo (347-420 d.C.). 
Jerônimo tem tudo a ver com esse blog, afinal, é o padroeiro dos estudiosos da literatura bíblica e dos historiadores em geral, além de ser doutor da Igreja. É considerado santo também pelas Igrejas orientais. Foi sacerdote e grande asceta.
Jerônimo entrou para a história devido ao grande trabalho de sua vida, que consistiu, grosso modo, na normatização e tradução latina da Bíblia. Tal versão ficou conhecida como Vulgata. Os trabalhos em questão foram iniciados por volta de 382, quando Jerônimo se dedicou à revisão e normatização das já existentes versões latinas do Novo Testamento. Por volta de 390, ele passou a dedicar tempo à Bíblia hebraica. Até então, não havia versões latinas do Antigo Testamento feitas a partir do texto hebraico, mas só a partir da Septuaginta. Daí a originalidade e importância do Trabalho de Jerônimo. 
É claro que tal trabalho exigia um conhecimento profundo das línguas envolvidas, i.e. grego, hebraico e latim, em uma época em que o contato cultural e linguístico entre Ocidente e Oriente não era intenso. O grego já não era mais usado no Ocidente, onde predominava o latim; já no Oriente, onde o latim nunca chegou a ser usado, imperava o grego. Sem contar que o hebraico já era língua morta há um bom tempo. É verdade que hoje alguns estudiosos questionam a profundidade do conhecimento do hebraico por parte de Jerônimo, mas eu particularmente, adimiro muito seu trabalho e acho que naquela época, ninguém seria capaz de fazer melhor.  
O trabalho de tradução e normatização das Escrituras feito por Jerônimo terminou por volta de 405. 
Jerônimo também participou de um outro episódio importante na história do cristianismo, embora menos conhecido, a chamada controvérsia origenista. No final do séc. IV, vários teólogos cristãos, entre eles o prórprio Jerônimo, Teófilo de Alexandria e Epifânio de Salamina, adotaram postura contrária em relação a algumas idéias de Origenes, elaboradas ainda no séc. III, e ainda em relação a outras idéias elaboradas a partir da teologia do prórpio Orígenes ao longo do séc. IV. 
Do outro lado, entre aqueles que defendiam Orígenes, o principal persoganem foi Rúfino de Aquiléia.  Rufino e Jerônimo foram amigos, mas acabaram brigando devido à controvérsia. Uma das principais críticas feitas a Orígenes dizia respeito a teoria da pré-existência das almas e da restauração e reabilitação do Diabo (talvez assuntos para um outro post). Os defensores de Orígenes, no entanto, diziam que muitas das idéias atribuidas a ele foram na verdade formuladas por terceiros após a morte do mesmo. Além disso, diziam ainda que Orígenes tinha a intenção de ser ortodoxo e que discutia questões que na época ainda não haviam sido "dogmatizadas". 
A controvérsia foi tão séria e violenta que Jerônimo, que passou o fim de sua vida em Belém, teve seu mosteiro destruido pelo fogo, fruto da ação de "origenistas".    

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Primado de Roma na antiguidade

O post de hoje é temático, já que a visita do Papa Bento XVI ao Reino Unido anda tão em evidência.

Obviamente não há espaço aqui no blog para todo um dossiê completo sobre a história do Primado de Roma na antiguidade - mesmo porque, andei procurando e não achei nenhuma obra ou pesquisa sobre esse assunto em específico - quem sabe um dia eu não escreva algo sobre isso. Quero, no entanto, tecer alguns comentários sobre o cânon III do Concílio de Constantinopla I, realizado em 381.
Segue o texto do cânon III:

O bispo de Constantinopla deve ter a primazia de honra logo após o bispo de Roma, pois aquela cidade é a nova Roma

O cânon III afirma, mesmo que indiretamente, a primazia de honra do bispo de Roma, o sucessor do príncipe dos apóstolos, Pedro. Particularmente interessante, se considerarmos que o Concílio em questão foi um encontro exclusivamente de bispos orientais; sim, logo os orientais que sempre tiveram dificuldade em aceitar o primado de Roma. Mas enfim, vamos tentar aprofundar um pouco mais esta discussão.

Primeiramente, percebe-se que a idéia do Primado de Roma é antiga, que esteve presente desde muito cedo na doutrina da Igreja, ao contrário do que muitos dizem ao afirmarem que se trata de uma invenção medival ou moderna. Como dito anteriormente, o reconhecimento dessa idéia por parte de um concílio oriental, que não contou com nenhum participante da própria diocese de Roma, é particularmente interessante e significativo. 

Por outro lado, a expressão "primazia de honra" pode parecer deveras difusa, indicando que a primazia do bispo de Roma não é institucional, doutrinal ou dogmática, mas apenas honorífica. Na prática, isso significaria que o bispo de Roma é mais importante que os demais bispos, mas que não teria poderes para interferir em outras dioceses nem para estabelecer dogmas ou leis eclesiásticas universais unilateralmente. Se não me engano, é exatamente assim que os ortodoxos interpretam o cânon III do Concílio de Constantinopla I até hoje. Obviamente, essa interpretação nunca foi adotada no Ocidente. 

É importante ainda lembrar que muitas vezes, a interpretação acima foi evocada pelos orientais mais por motivos políticos do que por motivos propriamente doutrinais ou dogmáticos. Ao longo do séc. V, por exemplo, vários bispos de Constantinopla tentaram "rivalizar" contra o bispo de Roma, afinal, esta cidade, varias vezes saqueada, atacada e destruida, já havia deixado de ser o centro do império Romano, que de certa forma nem existia mais no ocidente, enquanto aquela passou a abrigar o centro administrativo e político do império, bem como a corte imperial. É bastante conhecida, por exemplo, a luta do Papa Leão Magno no séc. V pelo reconhecimento universal do primado de Roma, frente às investidas de certos bispos de Constantinopla que diziam que o primado deveria ser "transferido", assim como a capital do império. 

Por último, cabe ainda dizer que o cânon III do Concílio de Constantinopla I causou a fúria de Alexandria, até então considerada a segunda diocese mais importante da Igreja; se analisarmos as coisas dos pontos de vista intelectual e filosófico, Alexandria era mais importante que a própria Roma. Mas com a transferência da capital do império para Bizâncio, que passou a se chamar Constantinopla, as coisas começaram a mudar. O cânon III é o sinal de que Alexandria já não era a cidade mais importante do oriente. Essa querela entre Constantinopla e Alexandria termina muito mal, em 451, quando, logo após o Concílio de Calcedonia, a igreja do Egito se separa do restante da cristandade. É o primerio cisma significativo da história da Igreja.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Resultado da enquete

Para a minha surpresa, o Apocalipse de Paulo ganhou a enquete. Eu achava que o Evangelho de Tomé seria o vencedor.
A boa notícia é que das opções que fizeram parte da enquete, o Apocalipse de Paulo é o único texto que já traduzi integralmente do copta para o português. Só falta uma editora que queira publicar....
Semana que vem coloco outra enquete aqui no blog.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A Sagrada Família no Egito


Mosaico da Fuga da Sagrada Família para o Egito localizado na chamada "Hanging Church", construida em meados do séc. IV e onde, segundo a tradição copta, existia um poço no qual São José pegava água.


Entrada do beco que leva à cripta onde, segundo a tradição copta, a Sagrada Família morou durante sua estadia no Egito. O beco leva à majestosa Igreja de São Sérgio e à Igreja de Santa Bárbara e ainda à Sinagoga antiga do Cairo


Segundo o Evangelho de Mateus 2, 13-21, José, avisado em sonho sobre as inteções de Herodes, fugiu para o Egito com Maria e o Menino Jesus. Se uma família judaica quisesse sair da Palestina no séc. I e ir para um lugar onde pudesse se sentir em casa, estando rodeado de muitos judeus, esse lugar era sem dúvida o Egito, principalmente Alexandria.
Os cristãos coptas, ou seja, os cristãos egípcios, sentem um orgulho imenso, desde a antiguidade, pelo fato de a Sagrada Família ter, segundo o Relato evangélico de Mateus, morado em seu país. É claro que na época em que a Sagrada Família esteve no Egito, considerando a historicidade do relato de Mateus, tal país estava longe de ser cristão - afinal, o cristianismo nem existia ainda - ou mesmo majoritariamente judeu. Portanto, estes dois lugares que aparecem nas fotos, provavelmente passaram a ser locais de culto e peregrinação somente a partir da época em que o Egito tornou-se efetivamente cristão, ou seja, por volta do fim do séc. III ou início do séc. IV. Não se pode nem garantir que a Sagrada Família esteve de fato nesses lugares em específico. Mas ao menos segundo a tradição copta, este foi o lar da Sagrada Família durante sua estadia no Egito. 
Mas procedamos ao comentário das fotos em específico:
A primeira foto é de um mosaico da fuga para o Egito localizado chamada "Hanging Church", construida em meados do séc. IV, no local onde segundo a tradição copta havia um poço no qual São José pegava água. A Igreja tem vários mosaicos, a maioria com o tema da Sagrada Família. Na parte de dentro é possível ver vários ícones antigos e altares para a celebração da Missa da Igreja Ortodoxa Copta - eu achei particularmente interessante o fato de todas as Igrejas coptas que vi terem ao menos um altar dedicado à Maria. A Igreja, localizada no bairro copta, no centro do Velho Cairo, fica bem próxima do Museu Copta, onde os manuscritos de Nag Hammadi e outras preciosidades do cristianismo egípcio estão cuidadosamente guardados. 
Na segunda foto, pode-se ver a entrada do beco que leva à cripta onde a Sagrada Família teria morado. Em cima da cripta, foi construida a Igreja de São Sérgio. O beco leva ainda à Igreja de Santa Bárbara e à Sinagoga do Cairo, que existe desde a antiguidade. Ao longo do beco, ficam espalhados dezenas de camelôs vendendo ícones religiosos e outros souvenirs. A sintaxe da frase escrita na entrada do beco ficou meio estranha, mas acho que todos conseguem entender, não?
Em tempo, ambas as fotos foram tiradas por mim em 2007, na ocasião da minha viagem ao Egito. Nunca estive em Roma ou na Palestina, mas posso dizer que já pisei no mesmo chão que a Sagrada Família.   

terça-feira, 13 de julho de 2010

Mais uma foto no Museu copta do Cairo

Em 2008, logo depois da inauguração deste blog, postei uma foto na qual eu estava com alguns colegas dando uma olhadinha num folio do Codex V de Nag Hammadi. A foto havia sido tirada em outubro de 2007, quando fui ao Cairo para participar do Nordic Nag Hammadi and Gnosticism Network. Na ocasião, os participantes do NNHGN, guiados pelos porfessores Einar Thomassen e John Turner, tiveram a oportunidade de visitar o Museu copta do Cairo, e, melhor ainda, ver de perto os manuscritos de Nag Hammadi lá guardados. Como eramos um grupo de estudiosos, nos foi permitido ver, além das folhas e páginas que estavam expostas no Museu, outras páginas e folhas que ficam guardadas. Só não podiamos entrar com maquinas fotográficas no Museu. Enfim, a direção do Museu não falou nada sobre celulares....
Os nórdicos também sabem ser malandros.
Eu não sabia que essa nova foto que estou postando tinha sido tirada. Eu não tinha celular para tirar foto dentro do Museu, então, fui pedindo ao pessoal que tirasse fotos de mim com o folio 25 do Codex V. Várias pessoas tiraram fotos, mas até pouco tempo, só uma dessas fotos me tinha sido enviada (a do post de 2008).
Recentemente, o colega americano Timothy Sailors postou essa outra foto no facebook. Eis, então, outra foto desse momento emocionante da minha vida acadêmica! A qualidade evidencia que ela foi tirada de celular.  
Da esquerda para direita: Julio Cesar Dias Chaves, Outi Lehtipuu, Michael Kaler e Timothy Sailors.
O folio 25 do Codex V é particularmente interessante para o meu trabalho; ele contém o fim do Apocalipse de Paulo e o início do 1 Apocalipse de Tiago. É perfeitamente possível perceber que o título final do 1ApcTiago foi escrito em letras menores que o restante do codex, evidenciando, assim, intervenção do escriba. O Michael Kaler, antigo colega aqui da Université Laval e que também está na foto, é hoje o maior especialista do mundo no Apocalipse de Paulo e por isso também demonstrou bastante interesse em ver esse folio em específico.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Enquete

Estava aqui hoje dando uma olhada nas configurações do blog e descobri que o google disponibilizou uma nova ferramenta; posso realizar enquetes no blog agora. 
A primeira enquete já está on line.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

De volta. Contrariado, mas de volta...

Enfim, com o fiasco da Seleção na Copa, estou voltando a postar no blog mais cedo do que queria e esperava. Eu sei que a Copa ainda não acabou, e com certeza vou ver as semi-finais e a final, mas com menos empolgação, é claro.
Para retomar as atividades, estou postando aqui o link de um artigo meu que foi publicado agora no mês de junho, no primeiro número Itálicoda Revista Ars Historica, do programa de Pós-graduação em história social da UFRJ. Eis o link:

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pausa para a Copa

Bom, como ninguém é de ferro, vou tirar umas férias aqui do blog para acompanhar melhor a Copa.

De história antiga e Cristianismo primitivo eu não entendo nada, mas de futebol.... quem me conhece sabe o quanto eu gosto desse negócio. E o melhor é poder ver a Copa sem precisar escutar o Galvão.

Enfim, o meio-campo da Seleção precisa de mais criatividade; se é para atrasar o Robinho, coloca o Nilmar no lugar do Elano, senão o L. Fabiano fica muito isolado. E ainda acho que o RG tinha lugar nesse time.

Nos vemos depois do Hexa! Eu espero.....

E que o Tardelli não seja vendido!

terça-feira, 8 de junho de 2010

A controvérsia ariana e o cânon bíblico

Há algumas semanas, num post sobre as cartas festivas de Atanásio de Alexandria, falamos brevemente do cânon bíblico. Presentemente, estou lendo uma bibliografia especializada, que conta ao todo com mais de 3 mil páginas, sobre a controvérsia ariana (vai ser bem útil para o meu doutorado, espero), a grande controvérsia teológica do séc. IV, e talvez a grande controvérsia teológica da história da Igreja.

Mas enfim, o que a controvérsia ariana tem a ver com a questão do cânon bíblico? Então, falamos da carta festiva de 367 de Atanásio de Alexandria como provavelmente a lista completa do cânon bíblico mais antiga que conhecemos; nos comentários, o João nos lembrou ainda do decreto do Papa Dâmaso, de 382. Pois bem, ambos são documentos da segunda metade do séc. IV; lembremos que a controvérsia ariana permeou praticamente todo o século em questão, começando por volta de 318 em Alexandria e, podemos dizer, tendo seu desfecho com o Concílio de Constantinopla I, em 381.

É interessante notar que nas centenas de discussões teológicas do séc. IV relativas à controvérsia ariana, as maiores fontes de argumentos de autoridade de ambos os lados, tanto o pró-niceno quanto o ariano, eram as Escrituras; é mais interessante ainda notar que em momento algum, pelo menos levando em conta as fontes que sobreviveram até hoje, algum Padre da Igreja, ou algum autor eclesiástico qualquer, seja ele ortodoxo ou ariano, usa como argumento de autoridade alguma frase ou passagem de um texto, dando-lhe status de Escritura, que não faça parte da lista que viria a ser definida dogmaticamente por Dâmaso em 382. Ou seja, mesmo não havendo ainda posição dogmática sobre o cânon, havia uma espécie de consenso prático no cristianismo do séc. IV. Não sei se ficou claro ou confuso, se alguém não entendeu, por favor, me diga.

Enfim, não existia ainda consenso em relação ao modo como a divindade de Jesus deveria ser definida, ou mesmo aceita, mas existia consenso em relação a quais textos eram canônicos ou não.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Canadian Society of Patristic Studies/ Association Canadiénne des Études Patristiques

Ontem a tarde cheguei de Montreal, onde participei do Encontro anual da Associação Canadense de Estudos Patrísticos. O Encontro estava integrado ao 2010 Congress of Humanities and Social Sciences/ Congrés des sciences humaines 2010 do Canada. Ao todo, no Congresso de ciências humanas do Canadá, participaram cerca de 9 mil pessoas; no de Patrística, cerca de 40.
Foi uma experiência muito boa participar desse encontro da Associação canadense de Patrística; em geral, participo de encontros e congressos de história, estudos bíblicos ou de ciências das religiões. Foi bom ter contato com essa nova abordagem.
Eu apresentei uma comunicação de 30 minutos, na segunda, dia 31 de maio, 9h da manhã.
Andrea e Teresa vieram comigo, e aproveitamos para matar a saudade comendo uma picanha num restaurante brasileiro ao lado da Universidade de Concordia, onde aconteceu o evento.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Evangelho de Judas e o conjunto Lucas/Atos

Ficam cada vez mais claras a dependência e utilização do conjunto Lucas/Atos pelo Evangelho de Judas. Sem dúvida, o autor(a) do Evangelho de Judas conhecia muito bem o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos e fez questão de utilizá-los em sua composição, fazendo claras alusões a ambos.
Se levarmos em conta o fato de que o Evangelho de Judas foi composto provavelmente na segunda metade do séc. II, tal fato se torna extremamente importante para aqueles que estudam as condições de consumo, bem como a amplitude do consumo, do Novo Testamento no séc. II; nesse caso em específico, o consumo do conjunto Lucas/Atos. A maneira como o autor(a) do Evangelho de Judas utiliza tais textos demosntra que muito provavelmente, seu público os conhecia e lhes atribuia certa autoridade. Tal fato também advoga em favor da teoria de um único texto escrito por um mesmo autor, Lucas, que posteriormente acabaria sendo consumido e transmitido como 2 textos diferentes, o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Alívio...

Hoje apresentei a minha problemática de pesquisa. Um grande alívio....

A apresentação se assemelha a uma defesa de tese; eu tive um tempo para falar e apresentar minha pesquisa e depois os examinadores tomaram a palavra. Enfim, foi tudo bem; algumas críticas aqui e ali, alguns comentários e sugestões. Tudo muito pertinente.

Agora é mergulhar de vez na redação da tese. Será que consigo terminar em 2 anos?

Espero que sim.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cartas Festivas de Atanásio de Alexandria

Bom, como estamos na oitava de Páscoa, nada como um post temático.
Falaremos um pouco das cartas festivas de Atanásio de Alexandria. O famoso patriarca de Alexandria, símbolo da luta pela ortodoxia no século IV, continuou durante seu longo patriarcado um costume que já havia sido instituído por seus antecessores e que foi continuado por seus sucessores, a composição de cartas festivas. Todo, ano, salvo aqueles em que esteve exilado devido à controvérsia ariana, Atanásio escrevia uma carta na qual definia o calendário litúrgico do ano em questão; definia a data de início da Quaresma e informava a data da Semana Santa e Páscoa, bem como as das demais festas litúrgicas importantes da Igreja egípcia. Em geral, Atanásio aproveitava a carta festiva para fazer uma pregação ou catequese sobre um determinado tema.
A carta era composta em grego e traduzida para o copta, sendo assim consumida em ambas as línguas. A tradução copta servia principalmente para difundir a carta nos mosteiros coptas do médio e alto Egito. Inclusive, vale lembrar que as cartas festivas de Atanásio foram, em sua maioria, conservadas somente em copta.
A carta festiva de 367 é particularmente famosa, pois apresenta uma lista dos textos considerados canônicos por Atanásio. Não lembro de cor quais os textos do Antigo Testamento ele considerava canônicos. Em relação ao Novo Testamento, a lista de Atanásio coincide exatamente com o cânon do Novo Testamento católico. A carta festiva de 367 de Atanásio apresenta, portanto, uma das mais antigas e completas listas de textos canônicos conhecida. Mais antigo que isso? Só consigo pensar assim de cabeça no Fragmento de Muratori; de qualquer modo, a lista de Atanásio é mais ampla.

Saindo um pouco da temática do blog, espero que o Dunga convoque o Ronaldinho Gaúcho para a Copa.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Meu livro.

É com muita satisfação que anuncio que meu livro foi publicado e já está disponível para venda na Amazon.

Na verdade, trata-se da minha dissertação de mestrado, concluida em 2007 e que agora está publicada, o que permite que ela seja lida por um público maior. O título na capa ficou: Between Apocalytic and Gnosis. The Nag Hammadi Apocalyptic Corpus: Delimitation and Analysis.

Quando eu receber minha cópia grátis, tirou uma foto e posto aqui; por enquanto, posto os links da Amazon, para quem quiser dar uma olhada:

http://www.amazon.com/Betweeen-Apocalyptic-Gnosis-Delimitation-Analysis/dp/3838333810/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=books&qid=1269865370&sr=1-1

http://www.amazon.co.uk/Betweeen-Apocalyptic-Gnosis-Delimitation-Analysis/dp/3838333810/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=books&qid=1269865737&sr=1-1

http://www.amazon.de/Betweeen-Apocalyptic-Gnosis-Delimitation-Analysis/dp/3838333810/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=books-intl-de&qid=1269866222&sr=1-1

quarta-feira, 24 de março de 2010

Passada a semana....

Semana passada, com os 2 colóquios, o NNHGN e o sobre Plotino, tive minha overdose de neoplatonismo e setianismo; enfim, agora é ficar preparado para o encontro da Sociedade Canadense de Patrística final de maio.

Mas enfim, brincadeiras a parte, os seminários foram muito bons. Duas comunicações no NNHGN me interessaram bastante, uma do Dylan Burns, de Yale, sobre apocalíptica nos tratados filosóficos setianos, mais precisamente em Allogenes e Zostrianos; e outra do Robert Edwards, de Ottawa, sobre o codex V de Nag Hammadi. Tivemos também comunicações sobre o Evangelho da Verdade e sobre o Trovão, intelecto perfeito, esse último, um dos textos menos estudados de Nag Hammadi.

As seções de tradução foram muito boas também, afinal, contaram com a participação dos professores John Turner e Wolf-Peter Funk. O professor Turner tirou várias fotos, vou pedir a ele que as envie para eu postar aqui.

segunda-feira, 8 de março de 2010

NNHGN em Québec


Esse ano, o “Nordic Nag Hammadi and Gnosticism Network” acontecerá em Québec entre os dias 15 e 17 de março, na Université Laval, a exemplo do ano passado. Quem está organizando é meu amigo, Tuomas Rasimus.
Eu tive a oportunidade de participar desse seminário em 2007, no Cairo. Foi uma das melhores experiências acadêmicas que já tive: conheci vários estudiosos de renome, como o professores Einar Thomassen e John Turner. E claro, o pessoal da Escandinávia é muito legal e simpático, mas bebe um pouco demais para o meu gosto, hehe.
Postei algo aqui sobre o NNGN no Cairo há muito tempo, mas, não custa nada explicar de novo como ele funciona. Sempre é escolhido um texto copta para ser traduzido durante o seminário. De manhã, são apresentadas comunicações e de tarde faz-se a tradução do texto, tradução essa que é coordenada por um professor convidado. Esse ano, o texto a ser traduzido é Allogenes (NH XI, 3) e o convidado, um dos que melhor conhece o texto em questão, o Prof. John Turner. Eu vou ter novamente a oportunidade de apresentar uma comunicação, na terça-feira, dia 16. O título é “The Apocalyptic Worldview and Divine Authority in 4th Century Egyptian Hagiography: the cases of the Life of Antony and the Life of Pachomius”.
Nos dias que se seguirão ao NNGN, haverá ainda, um colóquio aqui na Université Laval sobre Plotino e a gnose: “Contempler, connaître, toucher, devenir Dieu: Les stratégies diverses chez Plotin et dans La gnose”.
Apresentarão conferências nesse colóquio os professores Louis Painchaud, Paul-Hubert Poirier, Anne Pasquier, John Turner e até um brasileiro que eu não conhecia, mas que certamente terei a oportunidade de conhecer agora, Maurício Pagotto Marsola.
Acima, para descontrair, uma foto do grupo completo que participou do NNGN no Cairo em 2007.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Gnosticismo e Nag Hammadi no Brasil

Fico muito contente com o fato de haver cada vez mais estudantes interessados em Nag Hammadi e gnosticismo no Brasil. Tenho recebido muitos e-mails e mestrandos de universidades brasileiras que estão começando a se dedicar ao estudos de textos de Nag Hammadi e do gnosticismo. Recentemente entraram em contato comigo uma estudante do Rio Grande do Sul e outra da PUC-SP.
Em Brasília, teremos nesse semestre, além da Virna que está estudando o Evangelho de Filipe, o João Gabriel que vai começar um mestrado sobre o Evangelho de Maria.
Espero que esse campo de estudos se desenvolva bastante no Brasil, as perspectivas são boas; quem sabe daqui a alguns anos, possamos fazer um colóquio só sobre isso no Brasil.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

The Legacy of John

Acaba de ser lançado pela editora Brill um livro cujo organizador é meu colega e amigo Tuomas Rasimus. O livro se chama The Legacy of John e trata basicamente da utilização e consumo do Quarto Evangelho no século II. Não tive tempo de ler o livro ainda, mas o Tumoas me adiantou que o livro demosntra que o Evangelho de João era muito mais utilizado e difundido do que se pensa; ao contrário do que muitos pensam, não era um texto usado basicamente por "gnósticos", mas por toda a cristandade.
Ao todo são 12 contribuições, entre elas, uma do Prof. Paul-Hubert Poirier, meu co-orientador e uma da Prof. Anne Pasquier, também da Université Laval; tem até uma do Marvin Meyer, um dos editores do Evangelho de Judas.
Enfim, quem conhece os livros da Brill sabe que eles são muito bons, mas também muito caros...Quero ver se consigo comprá-lo um dia, hehe. De qualquer forma, é um livro fundamental para quem trabalha com consumo do Novo Testamento.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Novos fragmentos do Evangelho de Judas

Chegando a Quebec recebi uma ótima notícia: foram encontrados novos fragmentos do Evangelho de Judas. O conteúdo desses novos fragmentos está disponível no site do Prof. Gregor Wurst, um dos que participou da edição da National Geographic. Quem me deu a notícia foi meu orientador, o Prof. Louis Painchaud que há duas semanas apresentou uma comunicação em Strasbourg sobre os novos fragmentos.
Ainda não sei muita coisa sobre esses novos fragmentos, vou dar uma olhada e depois posto de novo aqui, mas já posso adiantar que eles deixam ainda mais claro que o texto não quer de forma alguma passar a imagem de um Judas herói. Ao contrário do que disse a National Geographic - vocês se lembram, discutimos isso muito nesse blog.
No final do texto, aparece uma nuvem que leva alguém para o céu; não se sabia se esse alguém era Jesus ou Judas, pois havia uma lacuna; então, um dos novos fragmentos é exatamente o dessa lacuna e adivinhem?! Sim, quem entra na nuvem é Jesus.
Outra curiosidade, parece que algumas fotos desse fragmento foram inclusive colocadas a venda no e-bay...É mole!?

sábado, 23 de janeiro de 2010

De volta à Québec

Bom, estou de volta à Québec e à Universitè Laval.
Muita coisa para fazer nos próximos 2 anos; é o tempo que tenho para terminar o doutorado.
E agora tenho uma colega aqui por perto. A Míriam, que também fez a graduação em história na UnB, mas alguns anos depois de mim, está começando o mestrado em Concordia, Montreal.
Boa sorte para a Míriam!

Bom, aqui em Québec tenho mais tempo livre, logo, devo postar mais por aqui.