A palavra grega apócrifos é geralmente traduzida como “livro secreto”. Já na antiguidade tardia, os cristãos se apropiaram dessa palavra e começaram a usá-la com um outro significado designando assim, um conjunto específico de livros com características diversas (ver, por exemplo, a Carta festiva de 367 de Atanásio de Alexandria).
A simples definição “apócrifo é um livro que não faz parte do cânon” não condiz com a realidade, pois há milhares de textos que não compõem o cânon e que não são apócrifos; os escritos de Platão não fazem parte do cânon e não são apócrifos; os contos de Machado de Assis não fazem parte do cânon e não são apócrifos. Sim, eu sei que acabei de citar dois exemplos idiotas, mas isso é só para vocês terem idéia de como essa definição é incompleta.
Uma melhor delimitação da definição de “apócrifo” deve levar em conta, portanto, o elemento da antiguidade (um apócrifo deve necessariamente ter sido composto na antiguidade) e o pretenso caráter de texto religioso/sagrado do judaísmo e/ou cristianismo; e algumas vezes, a pretensão de Escritura por parte de quem compôs ou consumiu o texto. Enfatizo que, muitas vezes, tal caráter é atribuido não por quem escreveu ou compôs o texto, mas por quem consumiu.
Ainda esta semana, teremos mais sobre os apócrifos.
3 comentários:
ah como tinha gente que precisava ler esse post... especialmente na minha área, política.
Hahahahahaha!
Por que, Márcio? Você tem alguns colegas de trabalho "apócrifos"?
Bom dia Professor Júlio César!!
Por ocasião da prova de Patrologia, andei pesquisando sobre apócrifos, encontrei verdadeiras aberrações sobre o termo. Confesso que tinha um certo receio sobre os apócrifos, até mesmo por ouvir algumas “definições”, sobretudo de protestantes, hoje tenho uma visão diferente, ainda mais depois de estudar sobre a BCNH, fascinante!!!!!
Abraços!!!!
Ronaldo Andrade, Teologia – noturno- FaTeo.
Postar um comentário