quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Os sermões perdidos de Agostinho

Não é segredo para ninguém que Agostinho foi o maior escritor cristão da Antiguidade; ninguém deixou um legado literário tão extenso e complexo quanto o bispo de Hipona.
Sabe-se também que volta e meia um ou mais sermões desconhecidos atribuidos a Agostinho  são encontrados em bibliotecas européias, em meio a manuscritos medievais esquecidos e não catalogados. Isso demonstra que a incrível produção literária de Agostinho é ainda maior do que imaginávamos. Nada impede que outros sermões "perdidos" sejam encontrados.
Pois bem, hoje tive a oportunidade de assistir uma palestra da Professora Anne Pasquier, da Faculdade de teologia e ciências das religiões da Université Laval, sobre um desses sermões perdidos, o Sermão Dolbeau 26. A professora mencionou por alto o achado de cerca de 20 novos sermões atribuidos a Agostinho na Alemanha em 2008, em manuscritos do séc. XII. O próprio Sermão Dolbeau 26 foi achado também na Alemanha em 1990, em meio a cerca de 60 sermões inéditos igualmente atribuidos a Agostinho, num manuscrito provavelmente copiado no séc. XV.
O sermão em questão, ainda segundo a professora, reflete a situação da Igreja africana no início do séc. V; fala basicamente da conversão dos pagãos, em face das proibições legais dos próprios cultos pagãos e do problema donatista, que acabaria por gerar um cisma na cristandade africana em 405. O sermão foi provavelmente composto em 404, à epoca do início do episcopado de Agostinho. 

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