Bom, como estamos na oitava de Páscoa, nada como um post temático.
Falaremos um pouco das cartas festivas de Atanásio de Alexandria. O famoso patriarca de Alexandria, símbolo da luta pela ortodoxia no século IV, continuou durante seu longo patriarcado um costume que já havia sido instituído por seus antecessores e que foi continuado por seus sucessores, a composição de cartas festivas. Todo, ano, salvo aqueles em que esteve exilado devido à controvérsia ariana, Atanásio escrevia uma carta na qual definia o calendário litúrgico do ano em questão; definia a data de início da Quaresma e informava a data da Semana Santa e Páscoa, bem como as das demais festas litúrgicas importantes da Igreja egípcia. Em geral, Atanásio aproveitava a carta festiva para fazer uma pregação ou catequese sobre um determinado tema.
A carta era composta em grego e traduzida para o copta, sendo assim consumida em ambas as línguas. A tradução copta servia principalmente para difundir a carta nos mosteiros coptas do médio e alto Egito. Inclusive, vale lembrar que as cartas festivas de Atanásio foram, em sua maioria, conservadas somente em copta.
A carta festiva de 367 é particularmente famosa, pois apresenta uma lista dos textos considerados canônicos por Atanásio. Não lembro de cor quais os textos do Antigo Testamento ele considerava canônicos. Em relação ao Novo Testamento, a lista de Atanásio coincide exatamente com o cânon do Novo Testamento católico. A carta festiva de 367 de Atanásio apresenta, portanto, uma das mais antigas e completas listas de textos canônicos conhecida. Mais antigo que isso? Só consigo pensar assim de cabeça no Fragmento de Muratori; de qualquer modo, a lista de Atanásio é mais ampla.
Saindo um pouco da temática do blog, espero que o Dunga convoque o Ronaldinho Gaúcho para a Copa.