No post de hoje falaremos um pouco dos chamados diálogos de revelação.
Dois estudiosos em específico falaram dos chamados diálogos de revelação: K. Rudolph e P. Perkins; para ambos, os diálogos de revelãção seriam um gênero literário próprio do que se convencionou chamar de gnosticismo.
Mas então, o que seria um diálogo de revelação? Um diálogo de revelação estaria, do ponto de vista literário, próximo de um evangelho. Os diálogos de revelação colocam em cena Jesus e seus discípulos (às vezes vários deles, às vezes só alguns ou mesmo só um); tem lugar então um diálogo entre Jesus e o(s) discípulo(s) no qual o próprio Jesus faz diversas revelações, muitas vezes de cunho "gnóstico". A maioria dos diálogos de revelação situa-se cronologicamente no período pós-pascal, ou seja, depois da ressuirreição de Jesus.
Notem que num diáologo de revelação não há um quadro narrativo igual ao dos evangelhos; o quadro narrativo de um diálogo de revelação serve somente para colocar Jesus em cena com o(s) discípulo(s); não há preocupação em falar ou descrever a vida, milagres, Paixão e Ressurreição de Jesus.
Alguns dos textos que são chamados de "evangelhos gnósticos" deveriam, portanto, ser classificados não como evangelhos, mas como diálogos de revelação. É o caso, por exemplo, do Evangelho de Maria.
3 comentários:
Caro Prof. Júlio César,
Os "freqüentadores" do seu Blog, esta é a impressão que tenho, são alunos seus ou, pelo menos, pessoas que têm algum contato pessoal consigo. Os temas aqui abordados me são muito caros, mas não tive e não terei a oportunidade de freqüentar os seus, tenho certeza, magníficos cursos.
Peço a gentileza, se for possível e cabível, que cite, a título de ilustração, para esclarecimento e benefício dos leigos interessados, alguns trechos de suas fontes, ao explanar os fatos, conceitos e idéias que permeiam o seu interessantíssimo Blog. Acredito que seus leitores doutos não se aborrecerão caso o professor decida atender ao meu pedido.
Aproveito a oportunidade para agradecer ao professor pelo tempo e energia despendidos no Blog; não sei de coisa semelhante ou tão valiosa em toda a Web.
Minhas melhores saudações.
José de Anchieta
Caro José,
muito obrigado pela participação.
Com certeza muitos dos frequentadores do blog são alunos meus, mas nem todos. Muitos amigos meus também frequentam o blog, mas a maioria são amigos pessoais e não amigos do universo acadêmico e nem colegas que estudam temas correlaros, apesar de alguns o serem.
Creio que a maioria dos frequentadores seja formada por leigos no assunto mesmo; aliás, é esse o objetivo do blog: ser algo simples ao alcance de todos e não algo para especialistas.
Portanto, fique a vontade sempre que quiser participar com perguntas e sugestões.
E a sua sugestão de citar trechos das fontes é muito boa; procurarei fazê-lo sempre que possível. No entanto, algumas vezes isso pode ser bem complicado. Não existem muitas traduções confiáveis de apócrifos, e literatura cristã antiga em geral, em português. A alternativa seria citar traduções em inglês ou francês. Os textos em copta eu poderia traduzir, mas para isso precisaria do texto copta. Em último caso, poderia também traduzir do inglês para o português ou do francês para o português, mas isso não seria propriamente científico.
Mas enfim, na medida do possível, de agora em diante, vou seguir sua sugestão e citar trechos das fontes.
Mais uma vez muito obrigado pela participação.
Oi Julio,
Muito interessante o seu blog, vc, como sempre, muito estudioso e sempre compartilhando o seu conhecimento.
Bons estudos,
Fernanda
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