O Concílio de Nicéia é um dos grandes marcos da história do cristianismo. Ele foi considerado o primeiro concílio ecumênico da história da Igreja e para ser entendido, dever ser analisado no contexto político-religioso da primeira metade do séc. IV, principalmente no que diz respeito às grandes controvérsias teológicas.
Aconteceu no início do séc. IV uma das mais terríveis perseguições aos cristãos, a perseguição de Diocleciano que posteriormente viria inclusive, a causar um cisma (tema para um post futuro); o sucessor de Diocleciano, porém, Constantino, tornou, por meio do famoso Edito de Milão, o cristianismo lícito. Se por um lado a licitude do cristianismo era um alívio para os cristãos, por outro começou a permitir uma gradual participação do império nas questões eclesiais, participação essa que iria, muitas vezes, transformar-se em verdadeira ingerência.
No que diz respeito ao caráter teológico, deve-se dizer que no início do séc. IV, a cidade de Alexandria, no delta do Nilo, Egito, assistiu ao surgimento de uma das maiores controvérsias da história do cristianismo: a controvérsia ariana. O arianismo, doutrina de Ário, na prática, negava a divindade de Jesus, recusando-se a lhe atribuir conceitos como “co-eterno” e “consubstancial ao Pai”. Como Ário e sua doutrina ganhavam cada vez mais adeptos, começou a surgir uma preocupação nos meios eclesiais do Egito e posteriormente do mundo. A primeira autoridade eclesial a reagir foi Alexandre de Alexandria.
No início da controvérsia, Constantino achava que toda a discussão tratava-se de um assunto intra-eclesial que não ultrapassaria os limites do Egito; mas ao chegar a Antioquia em 324, o imperador percebeu que a controvérsia já tinha transcendido as fronteiras egípcias e se espalhava por todo o mundo cristão, representando um perigo para a unidade da Igreja (e na cabeça de Constantino, um perigo para a unidade do império, na época, já majoritariamente cristão). Foi então convocado o Concílio de Nicéia (325).
No Concílio, destacaram-se as participações de Alexandre e seu secretário, Atanásio, que posteriormente viria a se tornar o Patriarca de Alexandria e o defensor por excelência da divindade de Cristo e o grande inimigo do arianismo.
No Concílio foi elaborado um símbolo, ou credo, no qual se afirmava detalhadamente a divindade do Cristo, atribuindo-lhe as expressões “co-eterno” (o que significava que ele é igualmente eterno ao Pai) e consubstancial (o que significava que ele tinha a mesma substancia do Pai, a substancia divina, logo, o Cristo é Deus).
Aconteceu no início do séc. IV uma das mais terríveis perseguições aos cristãos, a perseguição de Diocleciano que posteriormente viria inclusive, a causar um cisma (tema para um post futuro); o sucessor de Diocleciano, porém, Constantino, tornou, por meio do famoso Edito de Milão, o cristianismo lícito. Se por um lado a licitude do cristianismo era um alívio para os cristãos, por outro começou a permitir uma gradual participação do império nas questões eclesiais, participação essa que iria, muitas vezes, transformar-se em verdadeira ingerência.
No que diz respeito ao caráter teológico, deve-se dizer que no início do séc. IV, a cidade de Alexandria, no delta do Nilo, Egito, assistiu ao surgimento de uma das maiores controvérsias da história do cristianismo: a controvérsia ariana. O arianismo, doutrina de Ário, na prática, negava a divindade de Jesus, recusando-se a lhe atribuir conceitos como “co-eterno” e “consubstancial ao Pai”. Como Ário e sua doutrina ganhavam cada vez mais adeptos, começou a surgir uma preocupação nos meios eclesiais do Egito e posteriormente do mundo. A primeira autoridade eclesial a reagir foi Alexandre de Alexandria.
No início da controvérsia, Constantino achava que toda a discussão tratava-se de um assunto intra-eclesial que não ultrapassaria os limites do Egito; mas ao chegar a Antioquia em 324, o imperador percebeu que a controvérsia já tinha transcendido as fronteiras egípcias e se espalhava por todo o mundo cristão, representando um perigo para a unidade da Igreja (e na cabeça de Constantino, um perigo para a unidade do império, na época, já majoritariamente cristão). Foi então convocado o Concílio de Nicéia (325).
No Concílio, destacaram-se as participações de Alexandre e seu secretário, Atanásio, que posteriormente viria a se tornar o Patriarca de Alexandria e o defensor por excelência da divindade de Cristo e o grande inimigo do arianismo.
No Concílio foi elaborado um símbolo, ou credo, no qual se afirmava detalhadamente a divindade do Cristo, atribuindo-lhe as expressões “co-eterno” (o que significava que ele é igualmente eterno ao Pai) e consubstancial (o que significava que ele tinha a mesma substancia do Pai, a substancia divina, logo, o Cristo é Deus).
5 comentários:
Prezado prof. Julio Cesar,
Parabéns pela matéria, foi muito enriquecedora, pena que ela só veio agora, depois da nossa prova de Patrologia, que peninha! Qualquer forma, ela é muito bem vinda. Um abraço,
Maria Auxiliadôra
(aluna do Curso Superior de Teologia, matutino)
Mas Mauria Auxiliadora, você acertou a questão sobre o Concílio de Nicéia, hehe.
Nice blog, Julio. I hope to read more!
bem julio, algumas observações ja que estou passeando por aqui.
primeiro: qual é essa unidade crìstã? pelo que entendo, e o proprio concilio de nicei prova isso, o cristianismo primitivo nao era uno, ou seja, as varias comuninades cristãs era "livres" e independentes. meu ponto é que o cristianismo nao era unificado, e foi-se unificando ao longo dos seculos. tendo apenas no sec.X chegado a estrutura que conhecemos como igreja catolica
segundo: A questao Ariana era sim controversa, ou tornou-se ao longo do tempo. mas pelo que me lembro a "visão ariana" era majoritaria na epoca do concilio. lembro inclusive que a maior parte do que hj é a alemanha e o leste europeu eram arianos.
eu entendo que é praxe da igreja alegar algo que ela decida como algo que sempre foi. o caso da unidade crista e da questao ariana são provas disso. nao havia unidade, mas a igreja afirma que sempre o houve.
Bom, Guilherme, não sei o que você quer dizer com "livres e independentes"; de qualquer modo, as fontes demonstram que desde o final do século I começavam a surgir as organizações e governos episcopais. Na segunda metade do séc. II a cristandade já era praticamente toda "governada" por uma hierarquia episcopal, ou seja, por bispos. E outra coisa, pluralidade não significa necessariamente falta de unidade. O fato de se convocar um concílio unindo a nata da hierarquia episcopal de todo o mundo cristão demonstra a existência de una unidade; se não houvesse um interesse geral na cristandade em que todos seguissem as mesmas crenças e diretrizes, não haveria necessidade de se convocar um concílio, bastava que cada um acreditasse no que queisesse e cada paroquiazinha ou regiaozinha teria sua própria crença. E o Concílio de Nicéia é considerado o marco para a história da Igreja porque demosntra isso claramente; a partir de então pode-se falar com segurança de uma Igreja Católica como instituição (reconhecida como tal inclusive pelo Estado), apesar de o termo ser utilizado desde a primeira metade do séc. Essa aí do séc. X eu não sei de onde você tirou...
A sua afirmação de que a maioria dos bispos era ariana também não corresponde a realidade. Dos bispos que participaram do Concílio de Nicéia, só Eusébio de Nicomédia era efetivamente ariano; Ário participou das discussões do Concílio, mas não era bispo e Eusébio de Cesaréa era de tendências arianas, mas teve de se retratar antes mesmo do Concílio, negando certas posições próprias do arianismo para poder tomar parte em Nicéia.
O que houve é que depois do Concílio, com a condenação do arianismo clássico, surgiram vertentes menos "radicais" do arianismo; é o que se chama de segunda fase do arianismo. Houve ainda outro fator: um dos filhos de Constantino, Constâncio, que acabou assumindo o controle do império inteiro depois da morte de seus irmãos, era ariano. Como ele era ariano. ele perseguiu os bispos pró-Nicéia e "nomeou" em seus lugares arianos. Ou seja, de certo modo, a maioria dos bispos passou a ser de arianos. Mas ai entra uma questão teológica, pois um imperador não tem poder para nomear um bispo de fato, tanto que, depois da morte de Constâncio, os bispos por ele nomeados tiveram de ceder lugar para os bispos de verdade. No caso de algumas cidades, existiram 2 bispos simultaneamente, um ariano, nomeado por Constâncio, e outro niceno. O exemplo clássico era Antioquia que durante os últimos 40anos do séc. IV teve três bipos simultaneamente, um niceno, outro ariano e outro meliciano.
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