terça-feira, 10 de junho de 2008

Os Apócrifos.....

Os chamados “livros apócrifos” têm chamado à atenção tanto do grande público quanto de estudiosos de áreas ligadas à história da Bíblia nos últimos tempos. A quantidade de informações disponíveis nos mais diversos meios de comunicação e até mesmo em livros pretensamente acadêmicos é considerável, sua qualidade e veracidade são, no entanto, questionáveis.
Para o grande público, o tema parece ser potencialmente polêmico, pois a idéia geral propagada sobre os apócrifos versa que eles seriam livros secretos que conteriam os verdadeiros ensinamentos e a verdadeira história de Jesus e seus primeiros discípulos; tal polêmica é ainda reforçada pela idéia segundo a qual a Igreja teria, desde muito cedo, escondido e condenado os apócrifos como forma de instituir e reforçar seu poder e dominação sobre os cristãos, já que os tais apócrifos conteriam doutrinas “subversivas” que não permitiriam a dominação em questão. Alguns livros pseudocientíficos e jornalistas pouco preocupados com a verdade vão além, dizendo que muitos desses livros, apesar da proibição eclesiástica, teriam sido conservados por sociedades ou seitas secretas, como os chamados gnósticos, os “verdadeiros detentores do ensinamento original de Cristo”; e teria sido por meio desses gnósticos e de membros de outras sociedades secretas, que seriam hoje representados por seitas esotéricas e “Nova Era”, que os livros apócrifos teriam chegado até nós.
Tudo isso é muito polêmico, mas não passa de ficção ou simples distorção da realidade. De fato, o vocábulo grego que dá origem à palavra “apócrifo” significa “livro secreto”, mas o conceito que se aplica a tal palavra hoje em dia não corresponde necessariamente a isso. Antes de tudo, deve-se enfatizar que o conceito acadêmico de “apócrifo” é extremamente elástico e volátil; a primeira característica que se atribui comumente a um apócrifo diz respeito ao fato de ele ser um texto que não pertence ao Cânon, ou seja, um texto que não faz parte dos livros que integram a Bíblia cristã. Tal característica não é, no entanto, abrangente o suficiente, pois vários textos antigos não são canônicos e nem por isso são considerados apócrifos (as Confissões de Santo Agostinho, por exemplo, não fazem parte do Cânon e nem por isso a obra em questão é considerada um apócrifo; e o mesmo valeria para centenas de outras obras da antiguidade). O que seria um apócrifo então?
Bom, a tentativa de resposta dessa pergunta fica para o post da semana que vem.
Aproveito para agradecer o comentário da Rafaela, aluna da Wizard. Obrigado Rafaela, e lembre-se que você é sempre bem vinda por aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa,que suspense...tudo para as pessoas ficarem por aqui,héin? Hehe
Tá certo,afinal,propaganda é a alma do negócio!
=D

Dona Sra. Urtigão disse...

Bom dia! qual o criterio para se considerar a origem de um texto verdadeira ou confiável? ( desculpe-me a terminologia leiga)