A história das religiões procura abordar e estudar os fenômenos religiosos a partir de uma perspectiva não confessional (ou seja, não se professando ou aderindo a nenhuma religião em específico); a partir de uma perspectiva histórica, procurando a ajuda de outras ciências sociais, como a antropologia e a sociologia, por exemplo. Analisa a importância das religiões no espaço e no tempo, e como elas influenciam na cultura e no desenvolvimento dos povos e sociedades, procurando explicar sua influência nos diferentes campos, seja o social, o cultural ou político, por exemplo.
Assim sendo, um quadro teórico que adote a abordagem própria da história das religiões dialoga com várias outras áreas de abordagem histórica, como a história social, cultural, política, etc.
Por se tratar de uma abordagem não confessional, a história das religiões não deve se confundir com a teologia, apesar de a última se servir de conceitos teológicos em suas análises. Um historiador das religiões deve ter um conhecimento teológico que lhe ajude a compreender a(s) religião(s) que estuda; mas para ele, a teologia é um meio, uma ferramenta, e não o fim.
De modo análogo, o historiador das religiões pode se utilizar de outras áreas do conhecimento, como, por exemplo, a filologia e a linguística, mas sempre como meio e ferramenta, nunca como fim. No caso do exemplo que acabo de citar, o uso pode se justificar pela necessidade muitas vezes de se recorrer a fontes primárias escritas ou conservadas em outras línguas; no caso do cristianismo antigo, principalmente o grego antigo, mas também o latim e algumas línguas orientais, tais quais o copta ou o siríaco, por exemplo. Seria bastante útil para um historiador que se interesse, portanto, pelas origens do cristianismo, possuir um conhecimento filológico dessas línguas antigas. No entanto, ele não age como o linguista, que tem na própria língua o seu objeto de trabalho, seu fim. Para ele, a língua é uma ferramenta, um meio que o ajuda a entender e decifrar fontes primárias, na tentativa de explicar historicamente as crenças religiosas, no caso aqui exemplificado, do cristianismo.
Há quem procure abordar e explicar a história por meio das relações sociais, culturais ou de gênero; há quem foque na economia ou na política. O historiador das religiões faz seu trabalho centrado nesse aspecto tão particular e praticamente onipresente na história humana, o fenômeno religioso, o sagrado.
Tradicionalmente, as abordagens que adotam o quadro teórico da história das religiões tendem a ser comparatistas, ou seja, procuram comparar os diferentes fenômenos religiosos, nos diferentes períodos da história, apontando as semelhanças e também as diferenças. No tocante ao desenvolvimento das diferentes religiões, procura analisar como se deram as mudanças ao longo da história nas crenças, ritos e sistemas simbólicos.
No caso do estudo das origens do cristianismo e de seu desenvolvimento durante os primeiros séculos de nossa era, o historiador das religiões pode centrar seus interesses e suas análises nos mais diversos objetos e questões, desde o contexto de composição dos evangelhos ao imaginário do martírio, por exemplo.
Um exemplo interessante de como a história das religiões pode dialogar com outras áreas da história diz respeito, por exemplo, ao triunfo do cristianismo no Império Romano no séc. IV; como uma religião até então marginalizada e ilegal passou, a partir de Constantino a exercer papel fundamental nas relações e decisões políticas do Império Romano. O historiador da política que se interesse pelo Império Romano a partir do séc. IV, portanto, jamais poderia realizar seu trabalho sem o auxílio do trabalho do historiador das religiões.
A importância da história das religiões é tão grande nesse exemplo do qual nos ocupamos aqui pontualmente que o primeiro historiador a analisar a crise do Império Romano, Edward Gibbon, ainda no séc. XVIII, apontou nada mais nada menos do que o próprio advento do cristianismo como principal causa da crise e da queda (GIBBON, Edward. Declínio e Queda do Império Romano, São Paulo: Cia das Letras, 1989). Por mais que essa teoria seja hoje considerada equivocada e simplista, por diversas razões, não se pode negar a importância do cristianismo na engrenagem que explica o baixo Império Romano. Em quem senão o historiador das religiões poderia explicar a história dessa religião que moldou a cultura e civilização ocidentais?
Tradicionalmente, as abordagens que adotam o quadro teórico da história das religiões tendem a ser comparatistas, ou seja, procuram comparar os diferentes fenômenos religiosos, nos diferentes períodos da história, apontando as semelhanças e também as diferenças. No tocante ao desenvolvimento das diferentes religiões, procura analisar como se deram as mudanças ao longo da história nas crenças, ritos e sistemas simbólicos.
No caso do estudo das origens do cristianismo e de seu desenvolvimento durante os primeiros séculos de nossa era, o historiador das religiões pode centrar seus interesses e suas análises nos mais diversos objetos e questões, desde o contexto de composição dos evangelhos ao imaginário do martírio, por exemplo.
Um exemplo interessante de como a história das religiões pode dialogar com outras áreas da história diz respeito, por exemplo, ao triunfo do cristianismo no Império Romano no séc. IV; como uma religião até então marginalizada e ilegal passou, a partir de Constantino a exercer papel fundamental nas relações e decisões políticas do Império Romano. O historiador da política que se interesse pelo Império Romano a partir do séc. IV, portanto, jamais poderia realizar seu trabalho sem o auxílio do trabalho do historiador das religiões.
A importância da história das religiões é tão grande nesse exemplo do qual nos ocupamos aqui pontualmente que o primeiro historiador a analisar a crise do Império Romano, Edward Gibbon, ainda no séc. XVIII, apontou nada mais nada menos do que o próprio advento do cristianismo como principal causa da crise e da queda (GIBBON, Edward. Declínio e Queda do Império Romano, São Paulo: Cia das Letras, 1989). Por mais que essa teoria seja hoje considerada equivocada e simplista, por diversas razões, não se pode negar a importância do cristianismo na engrenagem que explica o baixo Império Romano. Em quem senão o historiador das religiões poderia explicar a história dessa religião que moldou a cultura e civilização ocidentais?
Por se tratar de uma abordagem, portanto, multidisciplinar, a quem prefira chamar o campo da história das religiões de "ciências das religiões". Em algumas universidades, já existem cursos de graduação que levam esse nome. A própria Université Laval, em Québec, por exemplo. No Brasil, a Universidade Federal de Juiz de Fora e a Universidade Federal da Paraíba são as pioneiras, contando já há alguns anos com esse curso de graduação.